Saturday, February 25, 2006

Internacional 3 x 0 Nacional (URU)

Ontem fui no Beira-Rio com o Fabio e a Claudia assitir a estréia do Colorado na Libertadores. Pelo que vi, depois do quase-título Brasileiro do ano passado, temos bons motivos para ter esperança na campanha da América deste ano.

O Nacional, adversário de ontem, ou é bem fraco ou tava morrendo de medo - mais provável a primeira opção. Salvo o meia de ligação dos caras (um que eu esqueci o nome mas era o único negro do time) eles são bem limitados tecnicamente. Foram sufocados, mas o técnico merece até algum mérito por ter armado uma (única) jogada que dava certo e por ter segurado a pressão do Colorado.

O jogo

O Inter entrou num 4-5-1 com os laterais (Ceará e Rubens Cardoso) bem avançados. Perdigão e Fabinho, os volantes, ficavam bem atrás e davam cobertura. Tinga fazia a ligação, centralizando todas as jogadas e distribuindo ora para Iarley, na esquerda, ora para Michel, na direita, com inversão de lado algumas vezes. Fernandão mais fez pivô para esses dois do que se meteu a jogar enfiado.

Guardadas as devidas proporções (leia-se abismo colossal de qualidade técnica) o esquema foi similar ao do Chelsea, apenas com mais avanço dos laterais que dos volantes. Fabinho-Makelele, Perdigão-Essien, Tinga-Lampard, Iarley-Joe Cole, Michel-Robben, Fernandão-Crespo. Quem dera...

O Inter do jogo contra o Nacional, no 4-5-1

Boas jogadas do Colorado

Há de se louvar os esforços do Tinga e do Fernandão, principalmente, em tentar construir jogadas pelo meio. Algumas saíram muito boas, como um lance onde Tinga apareceu sozinho e tentou encobrir o goleiro, ainda no 0-0, e no gol do Michel preparado pelo ex-volante do Grêmio.

Mas, sem dúvida, onde o Colorado levava mais perigo, e parecia mais à vontade, eram nos cruzamentos. Quase sempre com os laterais, às vezes com Tinga e até Fabinho, explorando o tamanho de Fernandão e os rebotes com Michel. Jogo inglês assumido, e cá entre nós até efetivo, pois de uns 10 cruzamentos, Fernandão deve ter dado 4 ou 5 cabeçadas, com um gol (o segundo).

Há de se louvar também a qualidade do back four, liderados por um excelente Fabiano Eller - pelo que jogou ontem, e pela postura, seria titular no São Paulo, no Corinthians, no Santos e no Palmeiras de hoje. Ceará e Rubens Cardoso não chamam a atenção e isso, defensivamente, é bom.

Pontos de preocupação

Time que quer jogar pelas laterais tem que saber virar jogo, e pra isso tem que ter volantes que distribuam o jogo rápido e com bolas longas. Não é à toa que na Premiership os central-midfielders são tão importantes.

Não é o caso no Inter de Fabinho e Perdigão. Inúmeras vezes Rubens Cardoso ou Ceará tinham avenidas à sua frente, mas não recebiam bolas porque os cabeças de área tinham que primeiro passar pro Tinga, que era o único capaz de virar o jogo! Daí dava tempo da zaga uruguaia reorganizar. Olha só.

Uma solução é tirar um dos volantes e recuar o Tinga pra posição, dado que ele já jogou ali e bem. Mas daí tem que avisar que ele tem que voltar, coisa que fez pouco ontem, principalente no segundo tempo. Além disso, o meia que entrar onde o Tinga jogou ontem (sugestão: Adriano Gabiru) tem que colaborar também, voltando um pouco.

Eu tiraria Fabinho, que destoa negativamente do time. Perdeu todas as bolas que dividiu com o único meia-atacante do Nacional, algumas em dribles até bisonhos. Graças a ele, ataques onde haviam 3 do Nacional contra 6 do Inter eram, pasme, perigosos.

A bem da verdade, o técnico uruguaio fez bem - pôs 8 atrás, um meia solto em cima do Fabinho, e dois centroavantes, um colado em cada um dos zagueiros. Esse meia conseguia chegar e pôr a bola na área em lances improváveis mas que poderiam ser gol, se os centroavantes fossem só um pouquinho melhores, e se Fabiano Eller não estivesse tão atento.

Outra coisa, Iarley não só jogou na posição do Joe Cole como também acha que é o próprio e não solta a bola. E ainda é o capitão! Enseba muito esse baixinho. Precisava ter mais velocidade e coordenar melhor quando troca de lado com o Michel. Márcio Mossoró, quando entrou, pareceu bem mais eficaz.

A massa

Meio reclamões esses torcedores do Inter. Três alvos principais: Michel, que realmente é bem fraco (nivel Catê); Rubens Cardoso, mais pelo apego a Jorge Wagner que efetivamente pelo titular haver deixado tanto assim a desejar; e Clemer (nem fez nada de errado, mas realmente não inspira tanta confiança).

Quem deveria jogar

Meu time pro Inter não jogaria no 4-5-1 em moda na Inglaterra, e sim no "quadrado mágico" tão em voga na seleção.

O time titular seria: Clemer, Ceará, Fabiano Eller, Bolívar, Jorge Wagner; Perdigão, Tinga, Adriano, Mossoró; Sóbis e Fernandão. Sem Sóbis, eu poria Mossoró numa ponta e Léo ou Iarley na outra. Fabinho e Michel, nem pensar. Rubens Cardoso, talvez num jogo onde defender fosse mais importante.

O Inter que eu queria ver, no quadrado mágico

Notas de ontem

Clemer - nada precisou fazer. 6
Ceará - bom no apoio, surpreendentemente bem na cobertura. 7,5
Fabiano Eller - o Terry do Beira-Rio, joga por ele e pelo Bolívar. Tá ali com o Tinga como o melhor do jogo. 8,5
Bolívar - nada bisonho mas duas cabeçadas do centroavante do Nacional foram nas costas dele. 7
Rubens Cardoso - constante, apesar da antipatia da torcida, e premiado com um golaço. 7,5
Fabinho - falhou seguidas vezes na cobertura e se aventurou ao ataque apenas para provocar risos. Não merece ser titular. 5
Perdigão - pura raça, jogador necessário. Ontem, vários carrinhos essenciais. 7
Tinga - o dono do time. Deve ser hors concours pra melhor dos jogos mas ontem mandou muito bem, apesar de ter desencanado total de voltar pra marcar depois dos 20 do segundo tempo. 8,5
Iarley - muito enrolão, matou vários ataques. Poderia jogar menos aberto. 6,5
Michel - bem fraco, apesar de haver feito um gol e sofrido a falta que gerou o outro a torcida tem razão em pedir sua cabeça. 7
Fernandão - junto com Tinga e Eller, forma a espinha dorsal do time. Muito lúcido e eficiente, foi a principal opção de ataque. 8

Agora o negócio é ganhar do Pumas no México que nem fez o Maracaibo.

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