Sunday, March 05, 2006

Bits of Buddha

Quem me conhece sabe que não sou muito místico ou religioso, mas meio que por impulso curioso aceitei o convite de minha amiga Laura pra acompanhá-la à visita da Lama Djordge Drolma ao Brasil.
Quem? Bom essa Lama é uma lama mesmo, tipo o Dalai Lama, mas mulher. É uma senhora suíça, de cabeça raspada e olhos bem azuis. Ela está no Brasil pra fazer uns acampamentos de meditação em Alto Paraíso de Goiás, troço bem hippie, sei lá, mas a princípio me pareceu uma boa oportunidade pra (1) encontrar a Laura e a Julia prima dela que são ótimas companhias (2) aprender um pouco sbre budismo que parece interessante, mas sem pretensão nenhuma de me converter ou coisa do tipo.
Não vou dizer que a companhia das meninas não tenha sido boa, mas a segunda parte me surpreendeu muito positivamente. Um tanto pelos preceitos do budismo - que basicamente te dizem pra levar uma vida melhor sem exigir muito em troca - e um outro tanto pela própria lama, que achei uma pessoa fantástica.
A lama falava em francês com uma tradutora riponga mas a mensagem parecia um pouco nebulosa pra mim - coisas como "se libertar do ciclo de vidas passadas", "se desvincular de identificações", "sentir os Bodhivatsas presentes no lugar", etc etc etc - mas ela falava de um jeito que não era um discurso pronto de padre na homilia. Não sei. Era estranho. Era sincero, era calmo, era sobre pequenas coisas do dia-a-dia que fazem sua vida melhor. Como dicas de meditação para o farol vermelho.
Fui falar com ela em inglês e ela me desarmou com a candura e empatia. Perguntei se para aceitar os ensinamentos dela eu tinha que acreditar em vidas passadas e participar em rituais - e se tem coisa que me afugenta de religiões são dogmas e rituais. Ela disse que pelo contrário, ela pouco se lixava no que eu acreditava desde que eu praticasse. Isso me tocou. Era tipo o padre falando que não precisava ir à missa ou ler a Bíblia desde que eu fizesse o que ele falava! E a lama ainda deu a entender que "rituais existem porque tem pessoas que precisam deles, mas se você não precisa deles não tem porque fazer"! Não é o máximo?
Enfim, ela me impressionou o suficiente pra voltar lá no dia seguinte, sem a Laura, e falar mais com ela sobre pequenas coisas da vida. Não acho que me converti mas definitivamente parei pra pensar - what the fuck have I been doing? Esses primeiros dois meses do ano têm sido de adaptação pra mim - ainda sem ritmo de trabalho, ainda sem casa, começando planos e não terminando, negligenciando pessoas que não deveria negligenciar, enfim, não sei se deixo transparecer mas não tem sido simples. Talvez o que eu precise é de um pouco de meditação e de reduzir a marcha um pouco.

Ah e li um resumo de "A República" de Platão no fim de semana. Muito bom. E tô finalmente quase acabando "On The Road" do Kerouac.

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