Saturday, February 25, 2006

Internacional 3 x 0 Nacional (URU)

Ontem fui no Beira-Rio com o Fabio e a Claudia assitir a estréia do Colorado na Libertadores. Pelo que vi, depois do quase-título Brasileiro do ano passado, temos bons motivos para ter esperança na campanha da América deste ano.

O Nacional, adversário de ontem, ou é bem fraco ou tava morrendo de medo - mais provável a primeira opção. Salvo o meia de ligação dos caras (um que eu esqueci o nome mas era o único negro do time) eles são bem limitados tecnicamente. Foram sufocados, mas o técnico merece até algum mérito por ter armado uma (única) jogada que dava certo e por ter segurado a pressão do Colorado.

O jogo

O Inter entrou num 4-5-1 com os laterais (Ceará e Rubens Cardoso) bem avançados. Perdigão e Fabinho, os volantes, ficavam bem atrás e davam cobertura. Tinga fazia a ligação, centralizando todas as jogadas e distribuindo ora para Iarley, na esquerda, ora para Michel, na direita, com inversão de lado algumas vezes. Fernandão mais fez pivô para esses dois do que se meteu a jogar enfiado.

Guardadas as devidas proporções (leia-se abismo colossal de qualidade técnica) o esquema foi similar ao do Chelsea, apenas com mais avanço dos laterais que dos volantes. Fabinho-Makelele, Perdigão-Essien, Tinga-Lampard, Iarley-Joe Cole, Michel-Robben, Fernandão-Crespo. Quem dera...

O Inter do jogo contra o Nacional, no 4-5-1

Boas jogadas do Colorado

Há de se louvar os esforços do Tinga e do Fernandão, principalmente, em tentar construir jogadas pelo meio. Algumas saíram muito boas, como um lance onde Tinga apareceu sozinho e tentou encobrir o goleiro, ainda no 0-0, e no gol do Michel preparado pelo ex-volante do Grêmio.

Mas, sem dúvida, onde o Colorado levava mais perigo, e parecia mais à vontade, eram nos cruzamentos. Quase sempre com os laterais, às vezes com Tinga e até Fabinho, explorando o tamanho de Fernandão e os rebotes com Michel. Jogo inglês assumido, e cá entre nós até efetivo, pois de uns 10 cruzamentos, Fernandão deve ter dado 4 ou 5 cabeçadas, com um gol (o segundo).

Há de se louvar também a qualidade do back four, liderados por um excelente Fabiano Eller - pelo que jogou ontem, e pela postura, seria titular no São Paulo, no Corinthians, no Santos e no Palmeiras de hoje. Ceará e Rubens Cardoso não chamam a atenção e isso, defensivamente, é bom.

Pontos de preocupação

Time que quer jogar pelas laterais tem que saber virar jogo, e pra isso tem que ter volantes que distribuam o jogo rápido e com bolas longas. Não é à toa que na Premiership os central-midfielders são tão importantes.

Não é o caso no Inter de Fabinho e Perdigão. Inúmeras vezes Rubens Cardoso ou Ceará tinham avenidas à sua frente, mas não recebiam bolas porque os cabeças de área tinham que primeiro passar pro Tinga, que era o único capaz de virar o jogo! Daí dava tempo da zaga uruguaia reorganizar. Olha só.

Uma solução é tirar um dos volantes e recuar o Tinga pra posição, dado que ele já jogou ali e bem. Mas daí tem que avisar que ele tem que voltar, coisa que fez pouco ontem, principalente no segundo tempo. Além disso, o meia que entrar onde o Tinga jogou ontem (sugestão: Adriano Gabiru) tem que colaborar também, voltando um pouco.

Eu tiraria Fabinho, que destoa negativamente do time. Perdeu todas as bolas que dividiu com o único meia-atacante do Nacional, algumas em dribles até bisonhos. Graças a ele, ataques onde haviam 3 do Nacional contra 6 do Inter eram, pasme, perigosos.

A bem da verdade, o técnico uruguaio fez bem - pôs 8 atrás, um meia solto em cima do Fabinho, e dois centroavantes, um colado em cada um dos zagueiros. Esse meia conseguia chegar e pôr a bola na área em lances improváveis mas que poderiam ser gol, se os centroavantes fossem só um pouquinho melhores, e se Fabiano Eller não estivesse tão atento.

Outra coisa, Iarley não só jogou na posição do Joe Cole como também acha que é o próprio e não solta a bola. E ainda é o capitão! Enseba muito esse baixinho. Precisava ter mais velocidade e coordenar melhor quando troca de lado com o Michel. Márcio Mossoró, quando entrou, pareceu bem mais eficaz.

A massa

Meio reclamões esses torcedores do Inter. Três alvos principais: Michel, que realmente é bem fraco (nivel Catê); Rubens Cardoso, mais pelo apego a Jorge Wagner que efetivamente pelo titular haver deixado tanto assim a desejar; e Clemer (nem fez nada de errado, mas realmente não inspira tanta confiança).

Quem deveria jogar

Meu time pro Inter não jogaria no 4-5-1 em moda na Inglaterra, e sim no "quadrado mágico" tão em voga na seleção.

O time titular seria: Clemer, Ceará, Fabiano Eller, Bolívar, Jorge Wagner; Perdigão, Tinga, Adriano, Mossoró; Sóbis e Fernandão. Sem Sóbis, eu poria Mossoró numa ponta e Léo ou Iarley na outra. Fabinho e Michel, nem pensar. Rubens Cardoso, talvez num jogo onde defender fosse mais importante.

O Inter que eu queria ver, no quadrado mágico

Notas de ontem

Clemer - nada precisou fazer. 6
Ceará - bom no apoio, surpreendentemente bem na cobertura. 7,5
Fabiano Eller - o Terry do Beira-Rio, joga por ele e pelo Bolívar. Tá ali com o Tinga como o melhor do jogo. 8,5
Bolívar - nada bisonho mas duas cabeçadas do centroavante do Nacional foram nas costas dele. 7
Rubens Cardoso - constante, apesar da antipatia da torcida, e premiado com um golaço. 7,5
Fabinho - falhou seguidas vezes na cobertura e se aventurou ao ataque apenas para provocar risos. Não merece ser titular. 5
Perdigão - pura raça, jogador necessário. Ontem, vários carrinhos essenciais. 7
Tinga - o dono do time. Deve ser hors concours pra melhor dos jogos mas ontem mandou muito bem, apesar de ter desencanado total de voltar pra marcar depois dos 20 do segundo tempo. 8,5
Iarley - muito enrolão, matou vários ataques. Poderia jogar menos aberto. 6,5
Michel - bem fraco, apesar de haver feito um gol e sofrido a falta que gerou o outro a torcida tem razão em pedir sua cabeça. 7
Fernandão - junto com Tinga e Eller, forma a espinha dorsal do time. Muito lúcido e eficiente, foi a principal opção de ataque. 8

Agora o negócio é ganhar do Pumas no México que nem fez o Maracaibo.

Sunday, February 12, 2006

Things that money can't buy

Another brilliant excerpt from The Guardian. Fittingly illustrated by a picture of myself at the Anfield Road Stand, with The Kop at the background.

From the Paul Wilson column
Source: http://football.guardian.co.uk/Columnists/Column/0,,1707825,00.html



Abramovich pleas shouted down in parish of Shankly
Roman Abramovich must have a sense of humour after all. How can a man who permits himself only one facial expression per game lecture anyone about being more demonstrative in their support?

If Abramovich wants Chelsea fans to feel more like singing, how about dropping admission prices for next season instead of putting them up? How about knocking down that tat at the Fulham Road end so the sun can get to the beach? Sorry, pitch. If Chelsea attracted more away fans the home supporters would actually have someone to sing at. But, if they want to be blown away by an atmosphere like Anfield's, that memorable night last May when the Chelsea directors confessed the noise inside the ground was 'almost frightening', the bad news is that even in football there are some things money just can't buy.

Liverpool and their extremely vocal support go back a long way, and if the passion generated on the terraces last season in any way helped the team to their unlikely triumph in Istanbul it was a fair reward for the club's commitment to their working-class fanbase over the years. Like Manchester United, who also recognise that many loyal supporters have limited means and other expenses to meet, Liverpool have steadfastly refused to take the mickey with ticket prices. When you have been put on the map by someone from Scottish mining stock this sort of collectivism comes naturally enough.

It is less clear what guides a club put on the map by a preposterously young Russian oil billionaire. Chelsea can be most things with Abramovich's money, but they can never be Liverpool. And they will never be popular either if they really want John Obi Mikel and Freddy Adu, or if they continue to irritate real talent scouts by snapping up the best two or three players at junior tournaments before farming them out across Europe on loan. People can cope with the richest club in the Premiership, managers are willing to take on the challenge of competing with the strongest team, but it is beginning to be whispered, with more than a trace of resentment, that Chelsea are using their money to sign players they don't need just so no one else can have them.

Bill Shankly - 'The socialism I believe in is not really politics; it is humanity, a way of living and sharing the rewards' - would not have approved.

Friday, February 10, 2006

Ele viveu

Acabei de ver o filme sobre Vinicius de Moraes. Sensacional. Dado que ontem havia escrito sobre Astrud Gilberto calhou perfeitamente. Fase bossa nova total.



Vinicius foi um brasileiro com b maiúsculo. Viveu, desprendido do futuro, sugando o presente e distribuindo amizade e positividade de maneira ingênua e inconsequente, mas pura acima de tudo. Foi alcoólatra mas até isso fez bem, casou-se nove vezes mas amou a todas, foi criativo, pairou sobre tudo, mas não deixou de ser frágil e de aprender na mesma medida que ensinava.

Deliciosos os depoimentos de Caetano, Toquinho, Bethânia, Gil, Edu Lobo, Tônia Carrero e, principalmente Chico Buarque. Imaginar que todas essas pessoas conviviam com Vinícius é delirante. Imaginar tardes e noites de saraus na casa de Vinícius em Petrópolis, nos idos de 1962, é um exercício em imaginação boêmia.

Claro que vim direto de volta e já selecionei uma playlist com todas as músicas de Vinicius no meu iTunes. "Berimbau", "Água de Beber", "Canto de Ossanha", "Garota de Ipanema", "Insensatez", "Samba de Orly", "Chega de Saudade", "Valsinha", entre tantas outras.

Capoeira que é bom, não cai, e se um dia ele cai, cai bem. Obrigado poeta Vinícius por haver existido.

Ah e recomendo fortemente www.viniciusdemoraes.com.br.

Thursday, February 09, 2006

About a girl

Eu gosto muito desta mulher.


Comprei esse disco sensacional em Tokyo na Tower Records de Shibuya. No meu iTunes, das 25 músicas mais tocadas, seis são desse álbum, seis do A Rush Of Blood To The Head do Coldplay e outras seis do Gilles Peterson in Brazil. Sendo que nesse iTunes eu comecei a ouvir Astrud 6 meses depois dos outros.

Pra quem gosta de Bebel Gilberto, Marisa Monte, Ana Carolina, Adriana Calcanhoto, Norah Jones e Joss Stone, um conselho: ouçam Astrud Gilberto. Esse disco de 1964 é formidável, envolvente, perfeito. Aula de bossa nova. Duas músicas ("Dindi" e "Meditation"). inclusive, estão remixadas por Bob Sinclar no seu disco Bob Sinclar in the House (que eu também ouço muito) - Bob Sinclar, pra quem náo sabe, remixou "Love Generation" entre outras.

The Astrud Gilberto Album consiste de várias músicas de Tom Jobim, João Gilberto e Vinícius de Moraes. Clássicos conhecidíssimos como "Água de Beber" e "Só Tinha Que Ser Com Você" misturados às excelentes versões em inglês de "Insensatez" ("How Insensitive"), "Meditação" ("Meditation"), entre outras. Um sambinha como "O Morro Não Tem Vez", uma música mais deprê como "Once I loved", .... muito muito bom. Incansável.

Isso sem nem apelar pras duas interpretações mais famosas da musa, "The Girl From Ipanema" e "Corcovado", que não estão nesse disco. Enfim, se não conhece, demorou; pelo menos leia sobre ela em http://en.wikipedia.org/wiki/Astrud_Gilberto.

Ah. Consertei o negócio de comentários na página. Antes só membros do Blogger podiam comentar. Agora pode qualquer um.

Wednesday, February 08, 2006

Tô me guardando pra quando o Carnaval chegar

Aceito sugestões pro Carnaval.

Bastante propenso a ir pro Rio. Um amigo meu holandês, o Joris, vai estar lá.

Porém.... Só falta combinar com os russos, como diria Garrincha.

Que ele nos proteja e nos guie. Não Garrincha, claro, mas esse cara aqui de baixo, que aliás pode ser visto de General Severiano, onde Garrincha brilhou.

Tuesday, February 07, 2006

It's the environment, stupid

Here comes a link to a nice essay published by The Guardian this week. Although I disagree on some of the ideas put forward by the author, it is a good reminder of the impending energy crisis the world will face.

It makes me think that I am 26, but when I'm 40 I'll probably be paying 10 dollars a liter of gasoline. And that when I'm 64 I wouldn't "be happy mending a fuse" liek in the Beatles song; I'd be trying to understand how to get energy for my living, just like beduins hunt for improbable sources of water and food. Or like Mad Max.

Anyway, my major disagreement with the author is that I am still a believer in capitalism as a system, and that's in spite of my acknowledgement of its many flaws (such as the frenzy quest for shareholder value no matter what), mostly because I think socialism would never work. I think it is against human nature. Socialism would work if people had no ambition. And we all know it is not true. Even among Japanese people you find ambitious fellows - enough to disrupt a purely socialist system.

Let it be said I am not particularly against centrally planned economies (now that I mentioned Japan...) but more to the forced equality that gives exactly the same amount of food and land to everyone. Theoretically I think people should be given capital in proportion to their willingness to work - so entrepreneurs and workaholics would have a benefit over bums - but everyone should have a CHOICE of being a workaholic or a bum. Or, most likely, (and healthier for all) become something in between.

Ok, that was a major digression, but as you may as well know that is my style. So finally here comes the link, it is a great essay, enjoy.

It's capitalism or a habitable planet - you can't have both
Our economic system is unsustainable by its very nature. The only response to climate chaos and peak oil is major social change
by Robert Newman

The Guardian
Feb 2, 2006

http://www.guardian.co.uk/oil/story/0,,1700300,00.html

Monday, February 06, 2006

I miss u people

So for my first English post I decided to put some pictures of people I particularly miss. All pics taken at the Insead graduation party in Versailles, December 2005, by my friend Nicolás.



Above's Andrea "minchia-bello-you-know-the-way-forward" Macario and Michelle "let's-pretend-we're-bunny-rabbits" Koh-Potts with me. I so miss you two. Macca I'll see you in our annual Estonia trip, and with Michelle I catch up in one of her blogs.



Now my two most amusing pen pals, Tomas "I-can't-say-that-I-love-Jesus-that-would-be-a-hollow-claim" Hatem and Emily "You-know-I've-been-around-the-block-in-South-London" Kerr. Well, it may be a long time till I visit you guys in London but the writing surely makes up for it.

Enough for today. Miss you all. Cheers.

Friday, February 03, 2006

Song of the Week


"As"
Stevie Wonder

As around the sun the earth knows she's revolving
And the rosebuds know to bloom in early May
Just as hate knows love's the cure
You can rest your mind assure
That I'll be loving you always

As now can't reveal the mistery of tomorrow
But in passing will grow older every day
Just as all is born is new
Do you know what I say is true
That I'll be loving you always

Until the rainbow burns the stars out in the sky
ALWAYS
Until the ocean covers every mountain high
ALWAYS
Until the dolphin flies and parrots live at sea
ALWAYS
Until we dream of life and life becomes a dream

Did you know that true love asks for nothing
Her acceptance is the way we pay
Did you know that life has given love a guarantee
To last through forever and another day

Just as time knew to move on since the beginning
And the seasons know exactly when to change
Just as kindness knows no shame
Know through all your joy and pain
That I'll be loving you always

As today I know I'm living but tomorrow
Could make me the past but that I mustn't fear
For I'll know deep in my mind
The love of me I've left behind
Cause I'll be loving you always

Until the day is night and night becomes the day
ALWAYS
Until the trees and sea just up and fly away
ALWAYS
Until the day that 8x8x8 is 4
ALWAYS
Until the day that is the day that are no more

(Did you know you're loved by somebody?)
Until the day the earth starts turning right to left
ALWAYS
Until the earth just for the sun denies itself
(I'll be loving you forever)
Until dear Mother Nature says her work is through
ALWAYS
Until the day that you are me and I am you
Until the rainbow burns the stars out in the sky
Until the ocean covers every mountain high

We all know sometimes life's hates and troubles
Can make you wish you were born in another time and space
But you can bet your life times that and twice its double
That God knew exactly where he wanted you to be placed
So make sure when you say you're in it but not of it
You're not helping to make this earth a place sometimes called Hell
Change your words into truths and then change that truth into love
And maybe our children's grandchildren
And their great-great grandchildren will tell
I'll be loving you


Until the rainbow burns the stars out in the sky...

Monday, January 30, 2006

Climate change

Tinha até um outro assunto que eu queria discutir, um filme que eu vi no fim de semana excelente chamado Paradise Now, sobre a Palestina, que casa inclusive com o artigo de Guardian que eu escrevi no meio da semana.

Mas nada é mais importante que a mudança climática da Terra hoje. Tanto que hoje vai um link pra um site excelente sobre o assunto que é o especial da BBC:

http://news.bbc.co.uk/2/hi/in_depth/sci_tech/2004/climate_change/default.stm

Browseei (aaargh neologismo ridículo, mas enfim) esse portalzinho no fim de semana e é sucinto, isento e principalmente didático.

Um pouco mais prolixa é a entrada na Wikipedia, mas mesmo assim vai:

http://en.wikipedia.org/wiki/Climate_change

Boa leitura e boa conscientização.

Saturday, January 28, 2006

Porto Alegre de cima

Chega desses posts com copy-paste de notícias por enquanto (apesar de eu já ter mais uns três preparados). Seguem umas fotos de Porto Alegre tiradas com a minha Nikon do topo do hotel onde estou hospedado, em Praia de Belas.

Pra começar a vista do meu quarto no 7o andar, de frente pro Guaíba, na Avenida Borges de Medeiros.


Agora, do topo do hotel, uma vista do shopping Praia de Belas com o centro de Porto Alegre no fundo.


O estádio Beira-Rio, lar do glorioso Internacional. Tirada com lentes de zoom.



Agora, o centro de Porto Alegre, com as torres da catedral ao meio.


Por fim, o gasômetro, uma usina abandonada na beira do Guaíba.

Friday, January 27, 2006

Friend or foe

Olha só, tava lendo na internet notícias a respeito da eleição do Hamas na Palestina pra me inteirar. Aí li inúmeros artigos que falavam mais ou menos a mesma coisa: fudeu, fudeu, agora com os terroristas no poder na Palestina, Israel vai ficar puto, vai ter guerra, o escambau, Bush e Blair falando que não negociam com terroristas (bah! piada!), pessoal todo catastrofista.

Aí fui no site daquele que acho que é o melhor jornal do mundo, o Guardian, pra checar o que eles achavam e vi um artigo super bem escrito - um editorial que via a eleição do Hamas como algo bom, e que coloca os palestinos como vítimas ao invés de terroristas. Essa impressão eu já tinha depois de conhecer alguns palestinos ano passado, e também depois de ler uma matéria sobre os assentamentos na Cisjordânia feit pela National Geographic.

Achei que o jornalista fez um argumento super sólido e resolvi publicar trechos aqui. Enjoy. Fonte: http://www.guardian.co.uk/israel/comment/0,,1696158,00.html

The Palestinians' democratic choice must be respected
The excuses given for refusing to deal with Hamas will not wash. This is a chance for Europe to have an independent role
Jonathan Steele
Friday January 27, 2006
The Guardian

Hamas's triumph in Wednesday's Palestinian elections is the best news from the Middle East for a long time. The poll was a more impressive display of democracy than any other in the region, outstripping last year's votes in Lebanon and Iraq both in turnout and the range of views that candidates represented.Whereas in Iraq parties that opposed the occupation had to downplay or even obscure their views, Palestinian supporters of armed resistance to Israel's expansionist strategies were able to run openly. It is true that Hamas candidates did not make relations with Israel the centrepiece of their campaign. They focused on reform in the Palestinian Authority. But few voters were unaware of Hamas's uncompromising hostility to occupation and its record in fighting it.

Wednesday's election was remarkable also in owing nothing to Washington's (selective) efforts to promote democracy in the Arab world. Instead, it was further proof that civil society in Palestine is more vibrant than anywhere else in the region and that Palestinian politics has its own dynamics, dictated not by outside pressure but the social and economic demands of ordinary people in appalling conditions. Providing a forum to freely express hopes and fears, debate policy and seek agreed solutions is, after all, what democracy is about.
(...)
Among several Hamas leaders I met in Gaza last summer, Mahmoud Zahar, one of its last surviving founders, exuded the clearest sense of inner steel. Trained as a medical doctor in Cairo, and now a short middle-aged figure with combed-over grey hair, he left several impressions. This is no mosque-driven revolutionary or wealthy jihadi of the Osama bin Laden type, motivated by ideology or a desire for adventure. Like other Gazans, he has felt the occupation on his skin. His wife was paralysed and his eldest son killed by an Israeli F-16 attack on his house in 2003. Zahar was in the garden and lucky to survive. In spite of that, he took the lead last year in persuading colleagues that Hamas should declare a truce or period of "calm" with Israel. For 11 months no Hamas member has gone on a suicide bombing mission. That is no mean achievement, which foreign diplomats rarely credit.

Zahar's reasons were not just tactical - a desire to deny Sharon a pretext for abandoning his retreat from Gaza. His strategy is to de-escalate the confrontation with Israel for a long period so that Palestinian society can build a new sense of unity, revive its inner moral strength and clean up its institutions. He feels western governments give aid and use the issue of negotiations with Israel only as a device for conditionality and pressure, not in the interests of justice.

So he wants Palestinians to have a broad-based coalition government that will look to the Arab and Islamic worlds for economic partners and diplomatic support. It's a kind of "parallel unilateralism", matching the mood in Israel where the peace camp clearly has lost all real purchase. "Israeli attitudes show they don't intend to make any agreement. They're going to take many unilateral steps," Zahar told me. "In this bad unbalanced situation and with the interference of the west in the affairs of every Arab country, especially Syria and Lebanon, we can live without any agreement and have a 'calm' for a long time. We're in favour of a long-term truce without recognition of Israel, provided Sharon is also looking for a truce. Everything will change in 10 or 20 years."

Zahar also left me with no sense of embarrassment about the imminence of power. He pointed out that Mahmoud Abbas would remain president for three more years, as though implying he could be a convenient front for inevitably unproductive talks with Washington and Israel while Hamas acted as a watchdog on the main issues. "There will be no contradiction between the Palestine legislative council and the president," he said. "We will be the safeguard, and the safety valve, against any betrayal."
(...)
Above all, Europe should not get hung up on the wrong issues, like armed resistance and the "war on terror". Murdering a Palestinian politician by a long-range attack that is bound also to kill innocent civilians is morally and legally no better than a suicide bomb on a bus. Hamas's refusal to give formal recognition of Israel's right to exist should also not be seen by Europe as an urgent problem. History and international politics do not march in tidy simultaneous steps. For decades Israel refused even to recognise the existence of the Palestinian people, just as Turkey did not recognise the Kurds. Until 15 years ago Palestinians had to be smuggled to international summits as part of Jordan's delegation. It is less than that since the Israeli government accepted the goal of a Palestinian state.

Hamas may eventually disarm itself and recognise Israel. That will be the end of the process of establishing a just modus vivendi for Israelis and Palestinians in the Middle East. It cannot be the first step. Today's priority is to accept that Palestinians have spoken freely. They deserve respect and support.

Thursday, January 26, 2006

Song of the week

"Oops here I go again"
Edna Wright

Oops
Here I go
I'm falling in love with you
Again, all over again

Oops
Here I go
I'm falling in love with you
For real, for real

A change of places
A brand-new scenery
Miles away
Was what I thought I needed to keep my
Mind off you
But it wasn't true
I didn't know what to do
I couldn't stop
I couldn't stop thinking of you

My greatest day
I thought I did my famous getaway
But I felt more in love with you each day

Oops
Here I go
I'm falling in love with you
Again, all over again

Oops
Here I go
I'm falling in love with you
For real, for real

My plans were made
I knew the way my life would be
There were things I wanted to do
But I felt I was not ready to
Settle down
Then you came around, set me down
Turned my life around

My greatest day
I thought I did my famous getaway
But I felt more in love with you each day

The moon was bright, one lonely night
Seems like everything was just right for making love
Then you appear right out of my dreams
Like a master scheme
To wake me up, to wake me up
I couldn't hold on, couldn't do without it
I wanna shout it out, tell the world about it

Sunday, January 22, 2006

At a place called Vertigo

uno! dos! tres! catorze!

Dada a impossibilidade de comprar ingressos ao show do U2 em SP em fevereiro, assisti com indisfarçável prazer ontem na HBO o show da Vertigo Tour gravado em Chicago em novembro último. Aos que compraram ingresso: fiquem tranquilos pois o investimento vale a pena. Aos que não compraram: o DVD da Vertigo Tour já é uma bela compensação.

Comparada à PopMart que passou pelo Brasil em 98 (lá estava eu com a Claudinha no Morumbi) a Vertigo é menos grandiose, menos celebrity cult, com mensagens menos subliminares, e com efeitos visuais também impressionantes - o semi-arco do McDonald's sendo substituído por uma espécie de "cortina de banheiro" que mudava de cor.

O que não mudou foi a energia e a disposição da banda, bem como os papéis de cada um no espetáculo. Bono, pula, corre, grita, dita o ritmo; faz discursos emocionados sobre o fim da pobreza, sobre a África, sobre seu pai. Puxa gente da platéia pra dançar, pega uma guitarrinha complementar The Edge em algumas músicas, e até arrisca uma batucada em um momento.

The Edge, na sua gorra caraterística, tenta ficar sidelined mas toma posição central em vários backing vocals fundamentais (como em "Vertigo" e "Sometimes You Can't Make It (...)". Guitarrinhas um pouco mais experimentais em versões diferentes de "Mysterious Ways" e "Bullet The Blue Sky" foram pontos altos.

Adam e Larry continuam coadjuvantes de peso e competência. Adam andou um pouco mais que de costume, mas não perdeu o apreço por bater só corda mais alta do baixo (até por que ele compôs todos os baixos mesmo...). Larry faz zero caras-e-bocas e impressiona ao tocar sintetizador na excelente " Original Of The Species".

Faltou pra mim músicas do Pop e do All That You Can't Leave Behind. Faltou também "Between a Man and a Woman", minha favorita do How to Dismantle (...) - em compensação todas as outras do disco novo foram excepcionais, da abertura com "City of Blinding Lights" ao fechamento com "Yahweh". Mas também acho que a HBO não mostrou todas as músicas - nos créditos aparece

All songs written by Bono/The Edge except "Bullet With Butterfly Wings" written by Billy Corgan.

??? Trust me, eu perceberia caso uma das minhas músicas favoritas tivesse tocado no show do U2. Eu acho que cortaram "Bullet". Vou ter que comprar o DVD. Mèrde.

Enfim: O set list que passou na HBO foi:

"City of Blinding Lights"
"Vertigo"
"Electric Co."
"New Year's Day"
"Sometimes You Can't Make it On Your Own"
"Love and Peace"
"Bullet The Blue Sky"
"Running to Stand Still"
"Where The Streets Have No Name"
"One"
"Mysterious Ways"
"Original Of The Species"
"Yahweh"

Friday, January 20, 2006

A cidade baixa



Eu estou trabalhando durante a semana em Porto Alegre. Pra mim é bom porque ainda não tenho casa em São Paulo, melhor ainda porque é uma cidade super divertida, com gente bonita e interessante.

Arqutetonicamente PoA é meio - meio não, completamente - feia, tipo mais selva de pedra que São Paulo, com uns viadutos e elevados nonsense, corredores de ônibus zoados, ruas tortas e pouco verde. Baladas, não são tantas - quer dizer, nem tantas danceterias, infinitos bares. Os gaúchos são muito mais de bater um papo com cerveja e MPB do que se encher de vodca-red-bull com trance no ouvido até 6 da manhã. Até por isso ouso dizer que a cena de bares de Porto Alegre é a melhor do Brasil - eles sabem fazer direito!

Tem duas regiões que são famosas pela boemia: a Padre Chagas (uma rua fashion no bairro Moinhos) e a Cidade Baixa, um bairro de casas velhas que abriga botecos incrivelmente autênticos. A Padre Chagas é um pouco mais famosa, especialmente o trecho chamado "Calçada da Fama" (um calçadão com mesinhas na rua, parecido com a Cobal no Rio); mas os porto-alegrenses mais roots (e eu, já escolado na cidade), recomendam: Cidade Baixa é muito melhor!

Cidade Baixa tem bares menores, fechados, mas com música melhor e gente mais descolada, mais conversadeira. Impossível ir a um bar na Lima e Silva ou na João Alfredo e não fazer amigos. Eu conhecia de outras épocas os bares Gum (que fechou) e Ossip, além de lugares pra comer como o Cavanha's e o Tudo Pelo Social (ambos 'sujinhos' bons e baratos). Esta última quarta voltei ao bairro e fui num outro bar, magistral, que agora acho que vou ter que visitar uma vez por semana pelo menos: o Bongô.

Comida boa. 8 reais num sanduíche de peito de frango com salada, bacon e abacate, num pão ciabata, gigantesco.

Bebida boa. $4,00 a garrafa de Polar 600 ml a -4.9°C.

Música boa. Antes da banda, intercalavam uma música do Chico com uma do Neil Young (sério! juro). A banda tocou Beatles, Oasis, Stones, Red Hot, Legião, bandinha de bar, sabe. Muito bom.

Gente bonita. Bom, isso em Poa nem precisa falar.

Gente interessante. Parar pra falar com alguém é mais fácil que chamar a garçonete (que já era bem solícita, diga-se de passagem). Faixa etária de 25 a 35, classe média, ninguém se achando.

Enfim, Bongô, Rua João Alfredo, Cidade Baixa, Porto Alegre, Brasil. Aprovado. Tem pouco bar no mundo tão interessante quanto esse. Recomendadíssimo.

Monday, January 16, 2006

Yoshimi battles the pink robots


Eu já vinha ouvindo o álbum Yoshimi Battles The Pink Robots do Flaming Lips com muita frequência desde que ele havia chegado às minhas mãos em meados do ano passado, se não me engano. Esses dias cheguei à conclusão que simplesmente não dá pra parar mais de ouvir. Tá no repeat no meu micro, o pessoal que trabalha comigo já não aguenta mais. Mas é inevitável, é mais forte do que eu, o disco é muito bom mesmo.

Por que é tão bom? Eu defino como uma mistura de Pet Sounds com Dark Side Of The Moon (dois de meus álbuns favoritos, aliás), trazido à nossa década. Com isso eu quero dizer:
  • melodias complexas, lisérgicas e de múltiplos layers como os Beach Boys fizeram
  • sonoridades orquestrais, imagens vívidas e tema central como no clássico do Pink Floyd

Guitarras que mais parecem órgãos. Palmas e risadas. Eletronicanices e riffs de computador. Ponha isso em melodias calmas mas ao mesmo tempo inquietantes. Pontue de letras sobre como a vida é mais fácil se a atitude perante ela for mais simples (minha livre interpretação do tema), voilá, tem-se um baita álbum. Talvez o melhor desde 2000.

O que mais gosto no álbum é, sem dúvida, a mensagem, são as letras. O engraçado é que, à primeira audição, o que chama a atenção é a letra quase infantil da faixa título, que narra a preparação da faixa-preta em karatê Yoshimi para lutar contra os robôs malignos. Sério. Ela tem que ser forte para lutar com eles, então tem que tomar muitas vitaminas....

É tão desconcertante a sequência das partes I e II dessa música (a primeira, praticamente uma trilha do Cartoon Network, a segunda um punhado de riffs de gutarra que remete a imagens de exorcismo - talvez seja o robô destruindo a Yoshimi, ou vice-versa) que só depois de um tempo que se digerem essas duas e começa a se apreciar o crème do álbum, na minha opinião, que é a sequência desde "Ego Trippin' At The Gates Of Hell" e "All We Have Is Now". Recheadíssima de frases de efeito cantadas bem devagar, mas que entram na cabeça como pregações de jesuíta:

I was waiting for the moment, but the moment never came. ("Ego Trippin'...")

I have forgiven you for tricking me again, but I have been tricked again into forgiving you. ("Are You A Hypnotist?")

Look inside, all you'll see is yourself reflected in the sadness. Look outside, I know that you'll recongize it's summertime. ("It's Summertime")

Do you realize the sun don't go down, it's just an illusion caused by the world spinning round. ("Do You Realize?")

As logic stands you couldn't meet a man who's from the future, but logic broke and as he appeared he spoke about the future: "We're not gonna make it". He explained how the end will come. You and me were never meant to be part of the future. ("All We Have Is Now")

Tudo pra mim gira em torno do carpe diem. Viva a vida, não a complique. O momento é agora. Nada é complicado demais que não possa ser atacado. Veja Yoshimi! Basta disciplinar o corpo e tomar vitaminas, ela destruirá os robôs! Fácil assim.

No Wikipedia está escrito que este é um álbum conceito, só não está claro qual o conceito. Bom, fica aqui a minha interpretação. Eu acho que faz sentido, mas mesmo se não fizer, eu fico feliz toda vez que ouço porque essa é a mensagem que ele me passa! E me motiva mais que tomar Vitasay stress ou ir no Porta da Esperança.

Sunday, January 15, 2006

Sunday news digest

Eu fiquei positivamente surpreendido pelo fato do meu pai haver mudado a assinatura dele de Jornal da Tarde por uma do Estadão. Muito melhor, mais qualidade editorial, mais assunto, enfim, mais tudo! Hoje, domingão ressacado, folheei o Estado quando acordei e me deparei com umas quatro ou cinco notícias que me chamaram a atenção e para as quais pensei, "opa, é melhor eu sentar com calma na varanda e ler isso direito".

Uma notícia era sobre o crescimento relativamente baixo do Brasil em 2005 perante crescimento recorde de economias "comparáveis" como Argentina, Chile, China, Venezuela e Índia. Apesar do gráfico gritante que acompanhava a notícia (uma curva mostrando a correlação negativa entre taxa de juro e crescimento do PIB trimestre a trimestre), induzindo o leitor a achar que Palocci et al estrangularam a economia, uma dose de ceticismo é pertinente na leitura desses números -
  • as economias de China e Índia vêm de patamares muito pequenos e têm industrialização ainda inferior à do Brasil (sim, é verdade!), portanto ainda vão crescer por um tempo;
  • Argentina chegou ao fundo do poço três anos atrás e desde então qualquer crescimento vai ser grande percentualmente (mesmo que o PIB da Argentina ainda seja menor que o do estado de SP)
  • Venezuela é exportadora de petróleo que é a commodity mais valorizada do momento (tudo bem, o Brasil poderia se aproveitar melhor de altas no preço do ferro ou da soja, mexendo no câmbio por exemplo, mas nada comparado ao lucro colossal dos países da OPEP em 2005)
  • Chile está, institucionalmente, politicamente, e economicamente, muito mais avançado que o Brasil, apesar de ser um país de complexidade infinitamente inferior.

A saída? Não sei. Em ano de eleição mexidas na política fiscal e na política monetária podem trazer efeitos imprevistos - o que o governo prioriza, crescimento neste ano ou mais de longo prazo?. Fora que apesar da tendência a longo prazo ser de alta nos preços de minérios e outras commodities (devido à crescente escassez), é totalmente aleatório como será o comportamento disso durante o ano. Soja, então, que é nosso principal export e não é escassa, é uma incógnita total. Acho eu. Sei lá. Vou tentar entender isso melhor. Wikipedia.

Outra coisa interessante são as eleições chilenas. Como é bom ver um debate político isolado de ideologias retrógradas como a polarização esquerda-direita. Ou mesmo democrata-republicano. Ou reacionário-progressista. O pior é no Brasil onde PSDB e PT buscam as mesmas coisas e fazem a mesma política, mas se diferenciam apenas pela embalagem (os intelectuais do PSDB versus os sindicalistas do PT) - mas ambos são de centro-esquerda!

No Chile, aparentemente, discutem problemas de verdade, e não bobagens que nem deveriam existir tipo mensalão, invasão de terras, coronelismo, e etc. A discussão é em torno de aposentadoria de servidores, de redistribuição de renda, de acordos de comércio internacionais. Mas se a gente nem do mensalão e nem do coronel Sebastião Curió consegue se livrar... como que vamos ter debates políticos e econômicos coerentes?

Aí, após algumas matérias interessantes (como o novo IBook e uma discussão se jornais deveriam ser empresas de capital aberto) veio a grande, aliás enorme, surpresa: a melhor matéria que li no domingo estava na Veja!

Ok, podem apedrejar, fui pego lendo Veja, esse câncer maligno, essa pílula azul que te mantém na Matrix e te cega quanto aos problemas de verdade do mundo, enquanto tenta vender livros de auto-ajuda e convencer que novela das oito é literatura de qualidade. Em minha defesa, estava em cima da mesa e resolvi folhear. Mas pulei o Diogo Mainardi pra não me contaminar com uma vírgula sequer.

A matéria boa era uma entrevista com um economista brasileiro da Universidade de Chicago que se define como liberal. Ele falou o que ninguém quer ouvir no Brasil:
  • Esquerda e direita são passado. São termos da Revolução Francesa que não fazem sentido nos dias de hoje com a integração do mundo. Além disso, a esquerda pura foi invalidada pela derrocada das economias centralizadas do antigo "Segundo Mundo", enquanto a direita pura, reacionária por definição, não tem mais espaço num mundo ansioso por redistribuição de renda.
  • Existe hoje duas (e apenas duas) opções viáveis de corrente política para democracias: liberal-democracia e social-democracia. Uma prioriza o crescimento (abertura do país ao mercado) e a outra a redistribuição de renda (programas sociais). As demais opções (neoconservadores republicanos nos EUA, nacionalismo a la Hugo Chavez, ultranacionalismo a la Jean Marie Le Pen) embutem preconceitos ou opções vencidas historicamente (ex. re-nacionalização da economia).
  • Num mundo ideal desprovido de conflitos de classe e de conflitos entre civilizações, o ambiente político das democracias deveria oscilar entre períodos de crescimento (governos liberais) e períodos de redistribuição (governos social-democratas).
  • PSDB e PT podem chiar mas não literalmente farinha do mesmo saco - ambos social-democratas.
  • Não existe opção liberal viável no Brasil. Os partidos definidos como "liberais" (PFL, PL, por exemplo) nada mais são que agremiações retrógradas e reacionárias - a direita derrotada. Tão pouco conscientes de sua função enquanto partidos liberais que se associam ao PSDB, que é social-democrata!
Eu me defino como social-democrata, mas tenho certeza que o Brasil seria melhor caso o debate fosse entre liberais e social-democratas, ao invés de fantasia de sindicalista retrógrado versus fantasia de professor da USP bom de papo e ruim de ação. E agora, como mudar?

Acho que vou me candidatar a alguma coisa em 2019.

(Trilha sonora: "Always", Stevie Wonder, e "Take it easy my brother Charles", Jorge Ben)

Monday, December 26, 2005

Welcome

Benvindos ao meu novo blog. Eu em 2006.

Depois de 2005 onde registrei meu dia-a-dia no Spaces, resolvi mudar pro Blogger por causa da customização do formato. Nada de look Microsoft de novo!

Por que escrevo um blog? Para falar de coisas que faço e de coisas que penso. Pra mostrar fotos. Pra encaminhar links interessantes. Pra contar que músicas estou ouvindo.

Prometo intercalar posts em inglês e português para meus amigos no Brasil e em outros lugares, porém vou tomar a decisão de qual língua escrever usando um critério muito objetivo: quando me der na telha. De qualquer forma sempre pode ser usado o Babelfish pra traduzir.

Por que vocês deveriam ler? Porque eu vou tentar caprichar. Prometo.

***************************

Welcome to my new blog.

After 2005 when my day-by-day was registered in Spaces, I decided to move to Blogger due to its format customization features. No more Microsoft look again!

Why do I write a blog? To talk about things I do and things I think about. To show pictures. To forward interesting links. To talk about songs I'm listening to.

I promise to write in English sometimes for my foreign friends, and I'll use a fairly objective criteria to decide on which language to use: whenever I feel like doing it. Anyway you can always translate using Babelfish.

Why should you read? Cause I'll try to write well. Promise-promise.